segunda-feira, 24 de maio de 2010

Gyps Fulvus

O abutre-fouveiro ou grifo ("gyps fulvus") é uma ave de grande porte, com uma envergadura de cerca de 280 cm, que pode atingir entre 8 a 10 kilos de peso.

É uma espécie existente no nosso país e que se encontra sobretudo na parte norte junto à zona de fronteira, sendo mais abundante no noroeste transmontano.

É uma ave essencialmente necrófaga, que se alimenta de carcaças de animais médios e grandes, sobretudo ungulados (embora existam relatos de ataques a presas vivas, que se encontravam debilitadas). No passado alimentava-se de veados e gazelas, mas na actualidade devido a sua escassez, a sua dieta inclui mais animais domesticados como a vaca, a ovelha e o cavalo. Para se alimentar fazem um buraco na cavidade abdominal, comendo as entranhas e a seguir devoram os músculos e os restantes tecidos.

A ausência de penas no pescoço prende-se precisamente com a alimentação, pois facilita não só que se mantenham limpos e impede também que fiquem presos pelo pescoço nalguma carcaça.

Constroem os seus ninhos em cavidades rochosas, nidificando em colónias de pelo menos 20 casais. Põem apenas um ovo, que é incubado durante cerca de 2 meses. Os cuidados com a cria levam em média cerca de quatro meses.

A legislação sanitária que obriga a eliminação de animais mortos de maneira a evitar a permanência de carcaças nos campos, tem vindo a levar a diminuição dos recursos alimentares disponíveis para esta espécie. Perante as alterações legislativas comunitárias decorrentes da crise da encefalopatia espongiforme (doença das vacas loucas), foram criados sistemas de recolha de animais mortos, retirando assim dos campos centenas de toneladas de carcaças, diminuindo ainda mais as disponibilidades alimentares. Além disso os envenenamentos nos campos atingem também esta ave.

Na actualidade existem ainda práticas funerárias onde os cadáveres são colocados ao ar livre e expostos aos abutres: os "Parsis de Bombaim" depositam os corpos dos defuntos nas chamadas "Torres do Silêncio", quase como que em oferta aos abutres, e alguns monges tibetanos oferecem aos abutres, pedaços dos corpos dos falecidos.

A imagem dos abutres mesmo hoje em dia é quase sempre associada a morte, no entanto a sua presença pode ser considerado como um indicador da saúde dos ecossistemas.


"Gyps Fulvus", Jardim Zoológico de Lisboa - Maio de 2010 ©

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