quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Porto de Lisboa

Zona Portuária junto à ponte 25 de Abril - Lisboa (Portugal)

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Esperança

"Esperança
Tantas formas revestes, e nenhuma
Me Satisfaz!
Vens às vezes no amor, e quase te acredito.
Mas todo o amor é um grito
Desesperado
Que apenas ouve o eco...
Peco
Por absurdo humano:
Quero não sei que cálice profano
Cheio de um vinho herético e sagrado."

Miguel Torga, In "Penas do Purgatório"


quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O vigilante - Sarah Waters

Este livro foi finalista em 2006 do "Man Booker Prize for Fiction" e tem uma estrutura completamente diferente do habitual. Começa no pós-guerra em 1947 e recua até 1941, dando a perceber a história das personagens através do passado, mostrando-nos que de certa forma todas elas estão relacionadas...
Foi o primeiro livro que li deste autora e gostei bastante, dos personagens, da história, da densidade dos sentimentos, tendo sempre como pano de fundo os horrores da Guerra: os bombardeamentos dos aviões alemães a Londres, a destruição de monumentos históricos, a morte de centenas de inocentes e o bom carácter de algumas pessoas corajosas que arriscavam a vida para ajudarem os outros...
A história centra-se na vida de quatro pessoas em Londres: Kay, Helen, Vivien e Duncan, focando-se sobretudo nas suas relações e sentimentos.
Aborda questões como a emancipação feminina, o machismo da sociedade londrina, a homossexualidade, a infidelidade, aborto, o suicídio...

As descrições são bastante intensas, quase nos sentimos com as personagens a ouvir os apitos dos Vigilantes, o medo das bombas, os clarões das chamas, do pó e das cinzas... a sentir necessidade de viver os dias como se fossemos morrer a qualquer segundo, sob a iminência de ser atingido pelas bombas alemãs...
Um livro que apesar de passar das 400 páginas é bastante fluído e muito fácil de ler. Recomendo a todos!

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Human rights

Não é um saco do lixo é um Ser Humano! - Lisboa (Portugal)

Concorri há uns meses atrás a um concurso de fotografia organizado pela "Stiftung", uma fundação alemã que se tem vindo a dedicar à defesa dos direitos humanos, nomeadamente ao apoio de antigas vítimas da Segunda Guerra Mundial.

Esta minha foto em cima mostra a realidade cada vez mais comum do nosso dia-a-dia, o ser humano é tratado como lixo e não é só nos países ditos "em desenvolvimento", mas também nas nossas cidades... o que podemos fazer para mudar isso? não sei, penso que pelo menos não devemos ser indiferentes... estas pessoas que habitam as ruas por necessidade precisam uma oportunidade, de dignidade e de apoio... 

Esta foto foi seleccionada juntamente com outras nove imagens para figurar na final do concurso e ficou em 4º lugar na votação do público, agradeço a todos o apoio!

domingo, 13 de novembro de 2011

Soberania individual

"O cordão umbilical que nos une através das centúrias chama-se pavor do desconhecido, ódio ao diferente, recusa da aventura, pânico da liberdade e da responsabilidade de inventar-se todos os dias, vocação de servidão à rotina, ao gregário, recusa de descolectivizr-se para não ter de enfrentar o desafio quotidiano que é a soberania individual." Mario Vargas Llosa

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Direcção...

Um antigo relógio de bolso sobre um livro - Home (Portugal)

O Preço do Sal - Patricia Highsmith


Este é o segundo livro que leio da Patricia Highsmith e (tal como no outro) fiquei agradavelmente surpreendida, para quem está habituado aos seus policias, este romance acaba por ser realmente uma grande surpresa.

Creio que é preciso grande coragem para em 1952 escrever e propor-se a publicar um livro com esta temática e sobretudo com o final que teve. Tanto que de início a obra foi recusada pelo primeiro editor, pois ninguém na altura queria ficar conotado como "apoiante de homossexuais".

A história centra-se numa história de amor entre a jovem Therese de 19 anos,  que se apaixona por Carol, uma mulher mais velha, em processo de divórcio e com uma filha.

Therese trabalha num armazém onde é mal paga, enquanto aguarda emprego na sua área (desenho cénico) e é nesse emprego que conhece Carol, ambas sentem de imediato grande empatia e começam a ver-se frequentemente; entretanto Therese termina com o namorado pois percebe quase de imediato que aquilo que sente por ele não se compara ao sentimento que cresce dentro dela pela a outra mulher. Carol convida Therese para viajar com ela pelos Estados Unidos, durante essa viagem ambas descobrem esse amor proibido, no entanto acabam por ter de se separar devido ao facto de estarem a ser seguidas por um detective privado contratado pelo ex-marido de Carol, que ia reunindo escutas ilegais e outras evidências de que elas estavam juntas e pretendia usar isso em tribunal como algo de negativo, numa clara vingança pelo seu orgulho ferido, para que Carol perdesse o direito de ver a filha. No entanto Carol não consegue renunciar ao amor de Therese e acabam por se reencontrar e o livro termina com a possibilidade de um futuro entre as duas.

É porventura o primeiro livro onde um casal homossexual tem um "happy end", antes deste livro as histórias com personagens  homossexuais morriam de formas horríveis, suicidavam-se ou "tornavam-se" heterossexuais como se a sua orientação sexual fosse o primeiro caminho para a perdição...

Este livro causou assim quase logo de início grande polémica entre a sociedade norte americana, não só por mostrar uma relação de amor entre duas mulheres, mas sobretudo por terminar de um modo muito diferente do que era habitual até então.

É possível também perceber ao longo da história uma forte crítica à sociedade norte-americana sua contemporânea: a hipocrisia, a ignorância e preconceito das pessoas, a exploração do trabalho feminino, o egocentrismo dos membros do jet-set da época. Mas por outro lado mostra-nos a coragem de algumas pessoas que resolveram lutar pelos seus sentimentos, pelas suas crenças perdendo com isso partes importantes das suas vidas, sendo abertamente criticadas e, em muitos casos, simplesmente ostracizadas, por não se limitarem a ser iguais a tantas outras mulheres que nasceram para ser mães e esposas.

Este é um livro para quem tenha mente aberta, despida de preconceitos e que acredite no Amor sob todas as suas formas.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A Festa do Chibo - Mario Vargas Llosa


 

Esta obra literária retrata o clima de opressão, medo e terror vivido na República Dominicana durante o governo do ditador Rafael Leónidas Trujillo, mais propriamente os momentos que antecedem o seu assassinato e o lento processo de democratização do país, protagonizado pelo presidente Joaquim Balaguer.

É curioso perceber como as personagens se vão movendo conforme os seus próprios interesses, passando por cima daquilo que sabem ser moralmente correcto, sem qualquer tipo de arrependimento, não hesitando passar para a antítese do que defenderam durante anos não só como forma de sobrevivência, mas sobretudo pela ambição do poder. Faz lembrar um pouco a questão da evolução de Charles Darwin: os indivíduos que sobrevivem não são necessariamente os mais fortes ou mais inteligentes, mas sim os que se conseguem adaptar.

Isso explica como personagens que eram apoiantes directos do governo de Trujillo, adolando-o, prestando-lhe culto como um "Deus", humilhando-se para o servir, se conseguem adaptar às mudanças políticas que emplicaram o assassinato do "chefe supremo" e no momento da transição democrática aparecem a insultar a sua memória e como representantes da mudança e da liberdade...

É curioso como a memória dos povos é curta e se esquecem frequentemente dos horrorres cometidos pelos regimes ditatoriais, neste caso em particular havia pessoas que simplesmente desapareciam de um dia para outro, caso se suspeitasse que nutriam algum tipo de sentimento anti-Trujillista eram perseguidos, torturados e frequentemente assassinados da forma mais cruel possível, acabando entregues a voracidade de tubarões.

É um bom livro para reflectir sobre até onde vai a sede de poder de alguns seres humanos, confesso que nalguns momentos achei completamente arrepiante a descrição das turturas sofridas pelos assassinos de Trujillo, todos os pormenores, os cheiros, os sons são descritos de tal forma que parecemos ver e vivenciar os acontecimentos. É impressionante depois perceber como os assassinos do ditador e as suas respectivas famílias (inocentes) foram primeiro perseguidos, apontados e entregues pela própria população às forças dos Serviços Inteligentes, acabando a maioria por falecer devido às torturas; e depois de mortos, já durante a democratização do país, serem considerados heróis da Pátria...

Algo que achei também bastante interessante ao longo do livro é que o autor vai-nos dando as diferentes facetas e as perspectivas das personagens, aquilo que os move, as suas paixões, os seus dramas individuais...

Concluo referindo que mesmo tendo noção de que se trata de História ficcionada gostei bastante do livro e recomendo a todos que gostem de pensar.